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Canguru, que pula de dia 15 em dia Vou mandar os outros textos. Ainda bem. The Kinks. Aiai, Henri. Ele pode tudo. Qualquer coisa. Muitos beijos. E a gente se beijou e se beijou e foi lindo e ele cheio de medos de que eu tentasse ser o que ele acha que tento ser e pedindo para que eu fosse eu mesma.
Eu sou, sempre. Ele conta tudo, sempre. E nunca mente. Eu sei quem sou. Porque sim. Yeah, right. Somos dois. Mas conto. Longe nada. Fui pra te ver. Dez dias me tiraram cinco anos em minutos. Dez dias duraram meses. Dois dias duraram meses.
Cinco anos duraram meses e voltei ao ponto de partida. Sentada esperando, quem diria. Me diz como. Me diz logo. Entendo, claro.
PJ Harvey. Sair, beber, chegar em casa e descolorir o cabelo com blondor. Agora sou loira. Sempre juntos, grudados, sentando um no colo do outro e fazendo piadinhas. Isso desperta as fan- tasias de qualquer um. Disse meu nome e encheu minha boca de porra. A porra dele era doce. Doce mesmo, de verdade, gosto bom. Adoro isso de engolir porra.
Fora a dele. Bom pra caralho. Eu quis. Depois de se divertir me constrangendo, me deu o telefone e disse para ligar. Pode deixar. Pouco inoportuna, hein? Oh, meu deus. Tava dormindo? Ele riu. Estou aqui lendo Dostoievski e Rodamos, rodamos, tudo fe- chado. Ele gozando na minha boca, dentro do carro, em uma rua escura. Meu deus, eles fumam depois de gozar. Ele me levou pra casa. Perguntei se queria entrar, mas ele disse que precisava ir.
Esgotei minha cota telefonando de madrugada, eu disse. Pode deixar, ele disse. Sem neuras, por favor. Ben Harper. Tenho um total de duas amigas.
Minha Catarina, minha amiga Catarina que sempre entendia e sentia tudo comigo. Anne foi embora para Inglaterra, estudar no meio dos ingleses. Que bom e que merda e que bom. Sou completamente apaixonada por ela. Assim como me apaixono por bandas ou homens ou narizes, me apaixonei por minha amiga Anne. E ela foi embora com sua mochilinha nas costas. Aquilo doeu como se estivessem cortando um naco de mim bem devagar.
Ela indo e doendo e cortando. Eu te Anne, amo. Pronto, era isso. Lingerie preta? Salto agulha? Fumar sem saber segurar o cigarro?
Menor chance. Longe de mim. Barriguinha de cerveja? E assim vai. Era uma casa velha, meio mofada, meio descascada, sem nenhuma placa.
Todos olharam pra mim quando entrei. Talvez porque fosse branca demais, talvez porque fosse alta demais, talvez porque destoasse completamente da realidade deles. Levantei e fui embora. Que se fodam todos. Eles precisavam mais disso do que eu. Enquanto isso, passava fome. No low life is gonna run me around. Lou Reed. Continuava sozinha. Sozinha demais. Saudades de casa, de tudo. Precisava de um homem. Colo e sexo e risadas. Voltava pra casa sozinha todos os dias.
Casa, aquela mesma. O Horror. Homem, preciso de homem. Mas sou uma garota insistente. Eu queria. Passei uma semana infernizado meus amigos com o tal Thomas. Virou Fomas. E eu falava no Fomas vinte horas por dia. Eu nem sabia mais o que era, nem queria saber, na verdade.
Entramos todos saltitantes e contentes. Estava tocando Nirvana. Oh, yeah. Blablabla, Fomas. Fomas era realmente interessante. Desastre total. Acordei no Hotel Bali. Hotel Bali, percebe? Tinha um. Thomas estava de costas para mim. Ai, lembra- va. Eu sugeri.
Sem avisar. No Hotel Bali. Estava a menos de duas quadras da minha pseudocasa. Ele de costas pra mim. Ai, rolou. Muito bem, Camila. Muito bem, Mariela, sua imbecil. Thomas continuava dormindo de costas pra mim. Um pertinho, daqueles que fazem click. Nem as bundas se encostavam. Eu, de frente para o banheiro. Hotel Bali. Queria sumir dali. Queria um homem legal, carinho e sexo. Cada vez que pensava no Hotel Bali tinha vontade de chorar, de me dar tapas na cara, de me desintegrar.
O Horror, tinha medo do que ele diria, medo do jeito com que ele me olharia, medo dele, medo de tudo. Pavorzinho, frio na barriga. Todos, todinhos. Thomas tinha 15 e seu amigo, uns Depois do terceiro copo, criei coragem e cheguei perto dos garotos.
Ele pareceu feliz em me ver. Conversamos um pouco como se nada tivesse acontecido. Amiguinhos o meu rabo. Mas naquela noite ele preferiu jogar Super Nes e, depois de me deixar na porta de casa com um beijo na bochecha, foi embora.
Em se tratando de homens, estava realmente fodida. Foi lindo, mas aquilo me matava e cansava e me fazia mal, mal, mal.
Thomas, em todas as outras vezes que nos encontramos, con- tinuou com a mesma cara. O problema era esse, tudo era bacana. Extremos, quero extremos. Quero um louco me seguindo de carro nas ruas. Por mais que meu pai tentasse. Eu e Julian chegamos ao limite daquele apartamento horroroso e povoado. Thomas continuava me deixando em stand by. Sol, muito sol. Sala sem cortinas.
Sentei na cama. Loja de discos. Obrigada, deus. Obrigada, Shiva. Eu tinha essa fama de limpar o banheiro dos outros, mania de limpeza. Cheguei suada, suja, descabelada e feliz. Uma loja de discos. Rivers Cuomo — Weezer. Quando desempaca uma coisa, todas as outras andam.
Que nem ralo entupido, o primeiro problema que tivemos em nosso apartamento na Rua Purpurina. Aug 23, comfritas rated it did not like it Shelves: university-reading-list , waste-of-time , dick-lit. Aug 03, Mariana rated it really liked it. Nome Proprio is based on this book by Clarah Averbuck, and that's why I decided to read it. It's a short book, but it takes us into Camila's life perfectly.
Full of fear and desire to become a writer. Maira M. Moura rated it really liked it Jul 24, Fabio Vinicius Binder rated it it was ok Mar 19, Lique Dedalus rated it liked it Jan 18, Karina rated it it was amazing Dec 10, Fernanda rated it liked it May 02, Cami rated it it was ok Apr 04, Fabiana De Souza rated it liked it Feb 05, Pilar Bu rated it did not like it Nov 11, Jessica Rabelo rated it liked it Mar 14, Gui rated it liked it Dec 26, Fabiana rated it really liked it Jun 29, Renato Cruz rated it really liked it Sep 26, Vai ver os franceses estavam mortos, o que explicaria perfeitamente o cheiro.
No, os franceses estavam de p. No bom, no bom. Finalmente cheguei perto o suciente para perceber que os lhos da puta neurticos cercaram minha mala achando que era uma bomba.
As malas abandonadas sero recolhidas e destrudas, avisava a voz da moa com sotaque fortssimo. No cu. Minhas malas! A vontade era xingar toda a famlia real desde o incio dos tempos, mas respirei muito fundo enquanto Seu Guarda me passava um pito sobre segurana. Que inferno. Que neura. Oquei, Seu Guarda, estou indo embora, fui ali , ali, comprar um chocolate inocente, o senhor entende?
No, ele no entendia, foi programado para certos procedimentos. Vai merda, seu neurtico ruivo lho da puta. Yes, sir. Im sorry, sir. Tomar no cu, sir. Thank you, sir. Ir embora sempre ir embora, mas seria bom car longe desses neurticos.
Foi o que pensei at embarcar no vo de pobre e ter a memria refrescada por uma criana hiperativa e sua me relapsa. Tec-tac-tec-tac-tec-tac abrindo e fechando a mesinha atrs de mim, puxando meu cabelo e batucando no cinto de segurana.
De repente, a me passava de relapsa a histrica e dava um tapa na nuca do moleque e os outros passageiros todos sendo mal-educados Brasileiros tambm so neurticos, mas no com incndios ou bombas ou terroristas ou estrangeiros. A neurose chegar primeiro, pegar o melhor lugar antes, ultrapassar a qualquer preo no trnsito, furar a la, sentar na janela, chegar antes. Neurose de no ser passado para trs, em todos os sentidos possveis.
Bando de espertinhos. Tambm, o que se pode esperar de um pas que, alm de ter sido colonizado por Portugal dizem que l as piadas de portugus acontecem ao vivo , quer ser o Estados Unidos? S poderia dar nisso. Sim, temos aqui uma patriota. Dezessete horas em um avio. Minhas mucosas nasais transformadas em carne-de-sol por causa do ar condicionado.
Trs pratos de frango ao curry e a aeromulher me olhando estranho. Quatro doses de Courvousier, sono, poltrona desconfortvel, dor nas costas. O-p, chegamos.
Ol, realidade. Ol, apartamentinho. Ol, Matilda. Ol, Julian. Ol, sof-cama desconfortvel. Ol, hspedes novos. Ol, dvidas. Fui recebida com uma agradvel notcia: meu amigo no mais habitava aquela casa. Foi demitido e voltou para sua cidade natal, de onde nunca queria ter sado. Em seu lugar, estavam dois estranhos.
Um deles, total estranho. O outro, um estranho conhecido que j estava l quando eu sa. Seu nome at deu origem a uma expresso, que signicava chegar na casa dos outros e no sair nunca mais. J fazia dois meses e, pelo jeito, tomou a coroa na minha ausncia e achava-se no direito de me dar ordens.
Me mandou sair do computador porque ele queria usar. Minha casa. Tudo bem morar em quarto de empregada e dormir na sala, mas dividir o colcho era demais para mim. Inclua-me fora dessa. O problema : como? Sobrevivo de free lances e caixas e caixas de kit refugiado mandadas por minha me, quando ela pode. E ela nem sempre pode. E eu ainda tinha o meu nen para sustentar. Preferia passar fome e comprar pacotinhos de Whiskas para ele do que ver meu lho miando desesperadamente e tentando escalar minha perna como se fosse uma rvore.
Gatos fazem essas coisas quando tm fome. Ento recebi um telefonema de uma garota que trabalhava em uma revista e gostava do que eu escrevia, avisando que tinha uma vaga de reprter l e que adoraria que eu fosse falar com o chefe.
Caiu do cu, era o que eu precisava para me salvar da desgraa nanceira. Tinha litros de contas a pagar, mas preferia ignor-las. Carto de crdito no dinheiro, mas no entra na minha cabea que um dia preciso pagar o que gastei.
Simplesmente evito pensar nisso. Infelizmente, desta vez meu pai no permitiu at porque os cartes eram dele, j que os meus estavam bloqueados e ele tentou ajudar e ser legal e me mandou pagar. Mandou, bravo. Sim, ele hippie mas. No queira ver um Chirivino bravo. Nem uma Chirivina. Eu no quero, nunca quis. Fui atrs do emprego com o rabinho entre as pernas, j me considerando contratada.
A revista era algo entre cool, pretensioso e equivocado, com algumas coisas legais e outras de dar pena. Marcar entrevista, mandar currculo, portflio. Os meus eram bons, eu sabia. Escrevia em vrios jornais e revistas, z roteiro de televiso, documentrio e fui publicitria, sem contar meus escritos, que se espalhavam como a peste pela internet.
Entrevista, conversar com o editor. Muitos cigarros, mos suando. Falei um monte de merda, me enrolei, disse que no gostava da revista e interrompi o cara umas doze vezes. Eu no ia conseguir. Ele cou de ligar no outro dia. No ligou. Nem no outro. Nem no dia depois daquele. Eu obviamente no ia conseguir. Finalmente, no quarto dia, o editorzinho meigo da revista cool ligou para dizer que eu no era exatamente o que ele procurava.
Quando ele disse isso, imediatamente parei de prestar ateno e continuei lendo a resenha do Hefner na NME. I took her love for granted um hino, fora os hinos mesmo, ao cigarro, ao servio postal e ao caf e bebida.
Sem contar que o nome veio de Hugh Hefner, o homem que tem a vida que todos gostaramos de ter. Ora, no sou exatamente o que a revista precisa. Tomar no senhor seu cu, editor careta. Ficou com medo? Medo de ousar? No era uma revista moderna? Tudo bem, senhor editor, contrate ento um reporterzinho recm-sado da frma, bem fresquinho, terminou a faculdade de jornalismo h pouco, essa merda de faculdade no importa qual, todas so a mesma merda de onde todo mundo sai formadinho e bonitinho e suuuperpreparado para o mercado editorial.
Just another brick in the wall, isso que o senhor quer para sua revista moderna e cool e ousada, senhor editor? Acho que no. Acho que o senhor nunca vai achar algum melhor do que eu em toda sua vida. Voc est ouvindo? Olha, te mandei os meus textos mais legais. No o que tenho de mais padro, entende? J z reportagens bem caretas. Posso te mandar. Manda, Camila, manda. Adorei os textos, no entenda mal, voc tem muito estilo, mas acho que no exatamente o que procuramos.
We dont need no education, p pn, p, p nn, we dont need no thought control, p, pn, p, pnn. Vou mandar, ento. Voc pode colaborar com a revista Voc gosta de msica, n? Escrever sobre msica. Negrinho, no estado em que estou, escrevo at sobre turfe. Fao horscopo, invento signo novo. Canguru, que pula de dia 15 em dia Isso o que mais me interessa. Vou mandar os outros textos. Vai tomar no cu. Mas ele j tinha desligado.
Ainda bem. The Kinks. Parece que o tempo na Inglaterra no foi suciente para que Henri esquecesse completamente as merdas que z e que aconteceram. Ao contrrio do que ele acredita, merdas acontecem. Ele diz que no no mundo dele, mas sim acontecem, porque agora, querendo ou no, fao parte do mundo dele.
Aiai, Henri. Algumas vezes tive vontade de mand-lo enar aquele arzinho blas no cu, mas logo passava e ele cava lindo de novo. Homens so babes, isso fato. Eles babam at quando tentam no babar. Ele lindo, o mais lindo, mais foda, mais inteligente, tem os olhos mais verdes e brilhantes e eloqentes do universo inteiro.
D pra ver os pensamentos dele por ali. Nunca gostei de olhos verdes, mas os dele so os mais lindos porque so dele. Era adepta do movimento antiplos, mas os dele so perfeitos porque so dele. Ele pode tudo. Qualquer coisa. Tudo em dois dias: farpas, identicao, fascnio, seis horas de nibus, um abrao que disse tudo, beijos, beijos, beijos. Muitos beijos. Paixo adolescente, acho que o sujeito perfeito e tenho vontade de me acoplar nele e dormir junto pra sempre e comer pipoca no cinema e passear no sol e ver os patinhos no parque e andar de pedalinho e esperar anoitecer e olhar o cu.
Oquei, a parte do cu eu posso esquecer. Estou em So Paulo, no tem cu aqui. Mas eu queria olhar o cu e as estrelinhas e ver a lua sorrindo. Isso eu vi, a lua sorriu pra mim, pra ns. E a gente se beijou e se beijou e foi lindo e ele cheio de medos de que eu tentasse ser o que ele acha que tento ser e pedindo para que eu fosse eu mesma. Eu sou, sempre. Menino, voc no sabe quem sou. Eu tambm no sei quem voc , mas no quero adivinhar errado e deixo para o tempo me contar.
Ele conta tudo, sempre. E nunca mente. Menino, pra de me rotular e de me dizer quem sou. Eu sei quem sou. Pra tudo e me d um beijo, esquece tudo. Dessa vez era srio e o pnico de ter jogado tudo fora, bitucas de cigarro apagadas e amassadas e despejadas no lixo, tomou conta de mim de tal forma que s conseguia respirar curtinho e pensar que merda, que merda, pra qu? Porque sim. Porque esta a minha chance de me redimir de tudo pra mim mesma, de mostrar que posso andar na linha, mesmo que ela que em cima de um muro de dois metros.
Fazer as coisas como elas tm que ser uma vez, pela primeira vez, sem manchas. Pra de tentar provar que no tem que me provar nada e que eu tenho que parar de tentar te provar alguma coisa. Pra tudo.
Gnios no se acham gnios e, quando se acham, so muito chatos. Qualquer um genial s vezes, eu e voc tambm, mas no somos gnios e tenho certeza de que voc tem certeza de que. Pra de me julgar, menino. Por0que voc um menino igual a mim. E quanto mais tenta me mostrar que no tem o que provar e que s quer o fcil, mais se enrola. E no adianta car bravo com o mundo, ele te leva pra onde quiser.
Ele te trouxe pra c, pra perto de mim, pra dentro da minha casa, pra dentro da minha cabea. E voc no vai sair fcil, voc no vai sair, est trancado a dentro, morando a dentro. Pra de cagar regra sobre como devo fazer o que fao. No me julga. No me olha com pena nem desprezo.
Voc no pode me olhar com pena ou desprezo porque, sem saber, faz exatamente a mesma coisa que eu e conta que superou tudo na terapia. Yeah, right. Se tivesse superado, no precisaria dizer e acenderia o milsimo cigarro com ar de superioridade. Esquece, desce da, te vejo aqui do meu lado, no quero saber se voc foda e lindo e se vai me dar mais uma chance.
Se no der, no vai ser apenas problema meu, no s virar as costas como quem desiste do restaurante porque caro ou demorado ou porque o garom botou o dedo no nariz. Somos dois. A merda foi minha, admito, me ajoelho, no consigo nem chorar porque seria ridculo e exagerado fazer isso na sua frente. Mas conto. Digo que chorei, e chorei mesmo, choro dodo, travado, com pessoas de voz aguda que me olham de cima a baixo na casa escura e enorme e gelada e cheia de morangos e comidas e pessoas e longe de voc.
Longe nada. Longe agora, longe quando voc ignora minha tentativa de redeno. Fui pra te ver. Vou de novo, desisto de tudo, talvez me arrependa mas desistiria de tudo, trabalho, brao, perna, mo. Eu quero voc. Mas no tenho, no vou ter porque voc fugiu com a maldita garrafa de vodca. Sou mesmo uma idiota, adolescente descontrolada que fez a maior merda, a coisa mais errada, escolhida inconscientemente a dedo para tornar tudo mais difcil e irreversvel e dolorido, porque o drama me move, me mexe, me empurra pra frente ou pro lado ou pra cima ou pra onde quer que eu tenha que ir.
Dez dias me tiraram cinco anos em minutos. Dez dias duraram meses. Dois dias duraram meses. Cinco anos duraram meses e voltei ao ponto de partida. O que posso fazer agora alm de esperar sentada, comportada, com as pernas cruzadas e um cigarro na mo?
No adianta correr porque voc mais rpido. Sentada esperando, quem diria. Foda-se o drama, eu quero voc. Me diz como. Me diz logo. No adianta, ele quer tempo, diz ter nojinho quando imagina seu melhor amigo gozando dentro de mim bbada e molhada de mar. E o amigo cando puto porque me arrependi e diz que tentei me matar s porque. Homens, eu os amo mas eles fodem com a minha cabea.
No entendo. Entendo, claro. Mas no entendo. Ou entendo e quero tornar as coisas mais fceis e perdoveis para mim mesma. Preciso dar um jeito de arrumar o caos que eu sou. PJ Harvey. Sair, sair, beber, encher a cara com meu amigo, voltar pra casa e encontrar meu gato degladiando-se com Matilda a planta de um dos caras que habita minha pseudocasa , procurar apartamento, encher a cara, acender Luckies at sair fumaa pelos olhos, caminhar no solzinho de walkman e pensar na vida e no que fazer e para onde ir, porque no sei se quero car aqui.
Sair, beber, chegar em casa e descolorir o cabelo com blondor. Sair, beber, encher a cara com meu amigo enquanto os pretendentes nossa volta pensam que trepamos escondidos.
Sempre juntos, grudados, sentando um no colo do outro e fazendo piadinhas. Isso desperta as fantasias de qualquer um. Todo mundo um punheteiro em poten-cial. Na verdade, acho que todos torcem para que eu e Mrcio sejamos mesmo um casal aberto. Casal aberto uma das expresses mais escrotas da lngua portuguesa.
De qualquer forma, algumas pessoas tm medo de se aproximar quando estamos juntos. Mas ele no teve. Disse meu nome e encheu minha boca de porra.
Mas no era qualquer porra, daquelas que tm gosto de cola tenaz com gua sanitria e farinha. A porra dele era doce. Doce mesmo, de verdade, gosto bom. At me deixou sbria.
Eu, que tinha bebido sei l quantas doses de usque, quei sbria quando o rapaz de olhos rasgadinhos gozou na minha boca. Adoro isso de engolir porra. No de qualquer um, claro. Engulo quando a conquista grande. No tem essa de engolir por amor. Anal, quem ama quer ser correspondido, e ningum que corresponde faria sua musa, diva, deusa, amada e adorada engolir um troo com gosto to ruim. Fora a dele. A dele era doce e no deixava aquele gosto impregnado.
Bom pra caralho. Ele foi um daqueles que voc bate o olho e quer. Eu quis. Ele veio falar comigo mesmo eu estando no colo do meu amigo , e, por incrvel que parea, quei sem jeito. A ltima vez que algum me deixou assim foi na quarta srie, quando o menino mais bonito da classe me chamou pra tomar um sorvete. Depois de se divertir me constrangendo, me deu o telefone e disse para ligar. Pode deixar. Alguns dias depois, nos encontramos de novo, mas dessa vez controlei meus hormnios e quei calma.
Mesma coisa, disse pra ligar e lanou um olharzinho sugestivo. Resolvi ligar s 2 da manh de uma quinta-feira. Pouco inoportuna, hein? Sa pra beber com uns amigos, eles foram embora e quei vagando pelas ruas. Bateu uma vontade gigante de v-lo e como tinha a desculpa do balao, toquei o foda-se e liguei.
Oh, meu deus. Tava dormindo? No, no Onde voc t? Na rua. Vem pra c e vamos fazer alguma coisa. Mas fazer o qu? Como assim, fazer o qu? Sei l. O que voc t fazendo em casa? Olha, podemos ler. Ele riu. Pelo menos no estava dormindo, o que as pessoas costumam fazer a essa hora. No sei, Camila Estou aqui lendo Dostoievski e Ah, pra! O Dostoievski pode esperar, eu no.
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